Eu escrevo muito sobre separação. Vocês conhecem minhas letras, sabem disso. Quando elas acontecem eu sofro, penso, respiro, concluo e aí vem mais uma para o repertório.
Só que antes, muito antes, começa a acontecer algo dentro do meu coração. Usei o verso da Mary para dar título ao post porque ele sintetiza perfeitamente essa fagulha, esse desconfiar de que algo está errado.
Como artista, eu sou muito sentimental... Sinto tudo exageradamente, sofro com coisas que não se precisa sofrer e, como artista, naturalmente vaidosa, eu preciso do meu público. Para isso eu faço os shows, tenho vocês que lêem e acompanham tudo o que a gente faz. E isso é o auge, o máximo da sensação, o melhor prazer que meu corpo pode experimentar nesse mundo material.
Só que nem todos os dias tem show. Nem todos os dias eu tenho aplausos. Pra compensar isso eu me cerco de pessoas. Amigos e mais amigos que eu vou recolhendo e recolhendo porque eu preciso sentir que as pessoas precisam de mim. É muito íntimo isso que eu estou revelando a vocês. Mas como tudo que eu escrevo é verdade, não tem problema. Vocês conhecem muitas coisas muito íntimas minhas.
São 11 anos tocando já com minhas bandas por aí. Recolhi muita gente no caminho, e eu que adoro ouvir uma história, adoro conhecer um ponto de vista novo, passo o rodo e venho trazendo todo mundo comigo. Meu erro é que eu me dedico. Eu dou o que posso - meus ouvidos, meu tempo, minha atenção, às vezes até um pouco de dinheiro... - e espero o retorno. Os aplausos.
Só que na vida esses aplausos não são os mesmos do palco, né? São os telefonemas, os convites, os abraços, a paciência, atenção e carinho. E eu, como já disse: artista, sentimental, e eterna romântica também, dou tudo e espero tudo também. Tem quem dê. Tem quem fica. O Problema acontece quando eu acredito que aquela pessoa ficaria e percebo que não... que ela se vai. E aí os aplausos vão parando, as luzes vão apagando e eu ainda preciso terminar meu show.
E aí dói. E eu me sinto tola porque sei que isso é só a minha vaidade, que os aplausos vão acabar mesmo e que eu ainda tenho "os meus", os que vão estar sempre comigo em cima do palco e os que vão sempre me esperar voltar pra casa. Só que eu não gosto de me sentir tola, e não gosto de chorar por causa disso. Aí eu páro, penso, respiro, concluo e escrevo.
Dessa vez foi um post. Mas eu ainda estou na parte do "de longe sabemos o despertar do adeus". Meu consolo é saber que em breve virá a música. E dela virão mais aplausos. E eu sigo no meu ciclo vicioso... fazer o quê?
v.z.
2 comentários:
Melhoras, Valen.
E fico feliz de você saber que sempre terá aplausos. Sua vaidade deixa nossa vida muito mais interessante.
Se depender de nós, os aplausos nunca acabarão. Te adoro :*
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