Dizem que as mulheres não tem memória pra dor. Eu acredito. Ou então não teria tanta gente com mais de um filho e nem tantas mulheres voltando sempre e sempre pra os homens que as maltratam. E também não existiria a saudade de tempos ruins que, tempos depois, não parecem mais tão ruins assim.
Nós temos nossas mentes e corações condicionados, procurando felicidade em outras pessoas, em relacionamentos, em consertar outras pessoas e consertar relacionamentos. “Porque hoje pode ter sido ruim, mas eu conversei com ele e sei que ele vai mudar, então amanhã seremos felizes.” Só não aposto porque minha religião não permite que não há uma mulher adulta no mundo que nunca tenha pensado nisso.
No fim das contas tudo é só sofrimento misturado com pitadinhas de falsa felicidade. É duro pensar nisso, mas é verdade. Felizes são aqueles que encontram a plenitude dentro de si mesmos. Que encontram dentro de seu coração uma razão para se amar, para se preservar, se protejer dessas armadilhas terríveis que nossa vida apronta pra gente.
“sometimes a man keeps carried away when he feels like he should be having his fun”
Eu ouço essa frase do Jeff Buckley desde de meus 19 anos. A gente sabe disso, mas não acredita. Nos lançamos de corpo e alma em labirintos intermináveis de confusões amorosas. E pra quê? Pra encontrar “alguém que não seja tão errado assim”, casar, ter filhos que vão crescer e vão embora e no fim das contas terminaremos como começamos: sozinhas.
É muito difícil pois é da natureza da mulher querer cuidar dos outros, sentir compaixão por alguém chorando... mas deveriamos usar essa vontade para curar nossos próprios corações, para secar as nossas próprias lágrimas.
A última vez que terminei um relacionamento eu chorava muito (comum) e entrei no banheiro pra lavar meu rosto. Eu me olhei no espelho e tive pena de mim. Dilacerada por um homem que tinha me faltado imensamente com respeito. Doía tanto porque eu amava muito ele e esperava que aquilo viesse em troca do mesmo jeito, mas os relacionamentos entre os seres humanos não são assim. Eu olhei dentro do reflexo dos meus próprios olhos e disse em voz alta: “nunca mais eu vou amar alguém antes de amar a mim mesma.”
Eu acabei voltando pra ele no dia seguinte... e fomos terminar semanas depois. Só depois de algum tempo que eu comecei a cumprir essa promessa. Tinha muitas feridas para cicatrizar no caminho. Hoje eu gostaria que todas as mulheres que amo fizessem o mesmo. Eu cansei de ver minhas amigas sofrendo! tenho uma lista extensa de homens que eu gostaria de dar um soco no estomago... Mas o tempo passa, nossa mémoria esvai, o coração amolece e a gente perdoa.
Procurem tentar isso, meninas. Nunca amem um homem mais do que amam a vocês mesmas. Nunca entreguem mais amor do que estão recebendo. (Só a Jesus, Guru ou Krsna. A esses pode).
beijos da Valen.
1 comentários:
Providencial este post! Ai ai nós mulheres... Amar-se deveria ter aviso publicado em todos os meios de comunicação e sempre. Memória de mulher é curta e "generosa"...
Abraço!
Postar um comentário